quarta-feira, 3 de junho de 2009

MINHA SINGELA HOMENAGEM PARA ALGUÉM, QUE ME AJUDOU A CHEGAR ATÉ AQUI.

Ontem (02/06/2009), em nossa aula presencial, comentei com algumas colegas de curso, que conheci o Dr. Roberto Chem, também comentei, que ele me ajudou a superar um momento difícil em minha vida, operando por quatro vezes a minha mão direita, a qual quase perdi após sofrer um atentado.

Desculpem-me as colegas, pois estávamos realizando um trabalho em grupo, o qual deveria ser concluído antes de começarem as apresentações, mas eu estava sem idéias, preocupado com o desfecho da história do trágico acidente no qual estava meu médico e amigo Roberto Chem, terminei por realizar parte da atividade, durante as apresentações, o que, não estava muito de acordo, mas só me dei por conta, quando estava vindo para casa, tamanha é a minha preocupação.

Escrevi para o seu filho, Eduardo Chem, este e-mail, no dia (01/06/09 as 23 horas), o qual quero compartilhar com vocês, pois, é a minha forma de homenagear, este Ser Humano, que me devolveu a vontade de viver, mostrando que se existem monstros, Deus também nos deu anjos para nos ajudar a superar os males causados pelos mesmos.


Estamos perplexos, apesar de procurarmos nos agarrar em toda a sorte de fé, pois, nada é impossível para Deus, sabemos que é muito difícil alguém sobreviver em uma tragédia como a ocorrida com este vôo.

Não sou da família, mas segundo o Doutor Roberto Chem, a família dele continuava em seus pacientes, por isso, Eduardo me sinto como se fosse. Nunca poderei pagar o que seu pai, junto a sua brilhante equipe, fizeram por mim, cheguei no hospital com febre, após ter visitado os Drs. Fransoze, Verzone e Deboni, cada um em seu local de trabalho, dentre eles uma clinica e dois hospitais, médicos que não me socorreram, mas que tinham alguma coisa em comum, todos foram alunos do grande médico Roberto Chem. Sabendo por estes, deste mestre, me assustava por sua importância na área da medicina, a demora por conseguir me consultar com ele, já que estava há dois meses com a mão em estado deplorável, mal cheirosa e eu com muita febre devido à infecção que provinha da mesma.

Não aguentando mais a dor, delirando, adentrei em um ônibus e fui encontrar com este grande médico na Santa Casa de Misericórdia em Porto alegre. A fila estava enorme, com certeza, mais de cinqüenta pessoas esperavam para serem atendidas por ele, uma moça morena, que trabalhava na recepção da triagem, vendo o meu estado febril, me conseguiu um lugar para que eu sentasse, quando a porta abria, eu via um monte de gente, do outro lado, sendo atendida, pela mesma equipe, e dizia pra Deus em pensamento, me trás ele aqui, pois eu não posso perder esta mão, preciso trabalhar. De repente a moça se aproximou de mim e disse, o Dr. Chem vai lhe atender, espera mais um pouco, ela nem terminou de falar, o médico saiu lá fora, veio em minha direção, pegou na minha mão machucada, cheia de ataduras, por cima de uma tala que depois fiquei sabendo estava totalmente mal posicionada, pos a mão na minha testa e disse, entra urgente lá dentro daquele corredor e vamos retirar estas ataduras da tua mão e providenciar uma lavagem, pois esta bem mal cheirosa. Após os componentes de a equipe retirarem as ataduras, ele novamente olhou para a minha mão e disse: Virginia (uma de suas alunas), o que você acha que devemos fazer com a mão deste paciente, ela respondeu: vamos mandá-lo para casa, para que execute exercícios físicos para que os dedos não fiquem atrofiados, e ele consiga mexer os membros novamente.

O Dr. Chem, arregalou os olhos e perguntou para mim, você está sentindo a sua mão, os seus dedos? Respondi que não, sentia apenas muita dor, aquele mau cheiro, a mão estava com pêlos cumpridos, os dedos estavam afinando, o Dr. Fransoze havia me dito que se não operasse rápido, perderia a mão, mas ele não tinha tempo para me operar.

O Dr. Roberto Chem, colocou a mão em meu ombro e disse: perdoa, por que eu dei aula a eles, mas eles ficaram ricos, não querem mais fazer a coisa difícil, pois, isto é muito complicado, para quem vê nesta profissão, apenas uma maneira de ganhar dinheiro. Dito isto, solicitou-me uma bateria de exames e marcou a minha operação para o mais rápido possível, colocando a Drª Virginia Pólvora como sua chefa de equipe, naquela operação, para que aprendesse um pouco mais sobre a arte de operar.

Eu senti naquele momento, que havia um mestre de verdade próximo a toda aquela gente, alguém em quem pudesse confiar, a pedido dele perdoei os outros médicos, os quais foram seus alunos.

Foram quatro operações, oito anos de tratamento, um dia disse a ele, doutor, a minha mão está excelente, não sei como lhe agradecer, ele me olhou nos olhos e disse: você já me agradeceu, seguindo todas as minhas recomendações, fazendo exatamente o que eu dizia para que fizesse, hoje eu posso pedir para tirar novas fotos de sua mão, pois sei que ela está noventa por cento melhor do que quando você chegou até mim, ele em sua humildade, nunca aceitava o cem por cento, pois, queria, que nem a cicatriz ficasse de lembrança.

Eu que havia pensado em fechar o meu comércio, consegui com a ajuda deste homem, me reerguer novamente, mais tarde, após conseguir segurar uma caneta como se deve, resolvi fazer um curso de informática, depois, cursei Magistério, hoje estou cursando Pedagogia na UFRGS, onde estou terminando o sexto semestre.

Da última vez que conversei com o Dr. Roberto Chem, você Eduardo, já estava ao lado dele na Santa Casa de Misericórdia, e eu comentei com o seu pai, o quanto vocês eram parecidos fisicamente, ele me olhou nos olhos e disse: este é o meu maior orgulho, vai seguir a minha profissão, é a minha certeza, de que tudo o que plantei de bom neste mundo, valeu a pena.

Eu, minha família e amigos, estamos rezando, para que, o nosso amigo seja encontrado com vida, junto a sua esposa e filha, pois, para Deus nada é impossível.

Sem mais para o momento, subscrevo-me com apreço:

Marcos Schilling Martins.