sábado, 19 de junho de 2010

A APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA A PARTIR DOS 6 ANOS DE IDADE.

Não faz muito tempo atrás, na cidade de Porto Alegre, alguns policiais militares cientes de estarem cumprindo com o seu dever, retiraram das ruas algumas crianças que dormiam debaixo de marquises no centro da cidade. Estas crianças foram levadas ao Conselho Tutelar e para surpresa de muita gente, retornaram às ruas, pois, o conselheiro entendeu que os Policiais haviam se excedido com aquela medida. Até porque segundo o Conselheiro Tutelar, as crianças tem o direito de ir e vir assegurado em lei, como qualquer cidadão, inclusive o direito a correr o risco de sofrerem atentados contra suas integridades físicas e mentais. Mas não é obrigação do estado zelar pelos cidadãos formados ou em formação, prestando-lhes assistência quando necessário, como meio de prevenção e dificultando incomodar-se futuramente?
Logicamente que outras pessoas da época pensaram desta forma, outros não, afinal moramos e vivemos uma democracia. Hoje lendo este texto (Desenvolvimento infantil e aprendizagem da linguagem escrita), relacionado à aprendizagem da leitura e escrita a partir dos 6 anos na escola, fiquei pensando na criança que levanta a partir das 6 horas da manhã, como se fosse um adulto que vai para o serviço, mas acaba encarando uma escola ou uma creche (centro educacional), nos dias de inverno, as temperaturas chegam a ficar em alguns locais deste estado (RS), abaixo de zero, os pais não tem com quem deixarem seus filhos em casa, por outro lado às crianças são consideradas em idade escolar e precisam freqüentar a escola, ninguém as pergunta se é ou não o que elas gostariam de fazer naquele horário, mas sobre a desculpa do ter de trabalhar, muitas pessoas as levam para tais locais de ensino, na maioria das vezes, mal agasalhados, a pé, ou em transportes precários. Isto não começou a ocorrer a partir de hoje, isto é antigo, pois, o crescimento econômico gerou muitos empregos, mas encareceu muito os artigos de primeira necessidade dentre outros que fazem parte da rotina de uma família, obrigando as mães a trabalharem e a deixarem seus filhos, com parentes ou com estranhos, ganhando muito mais espaço as creches ou centros de educação, onde estas são muitas vezes levadas a partir do berçário.
É justo que estas crianças que estão neste ambiente escolar, sintam-se obrigadas a ler e a escrever a partir desta idade 6 anos, por imposição dos adultos, ou podemos ludicamente, como se estivéssemos brincando com elas, sem sofrimento, levarmos as mesmas a adquirirem a motivação e, quase por iniciativa própria, começarem a ler e a escrever, já que estão em um ambiente escolar, onde geralmente são recebidas muito cedo, não seria mais correto que neste espaço de tempo, elas fossem melhor preparadas para o ensino regular.
Fiz questão de tocar no assunto do ponto de vista da lei, e do ponto de vista humano, afinal são hipócritas aqueles que pensam, que seus filhos não tem condições de aprender, pois, se estes conseguem desde tão novos adquirirem a independência de muitas famílias, freqüentando os locais de trabalho de outros adultos, onde tornam-se alunos, por que não tratá-los como alunos, ensinando-os a ler e a escrever, desde que respeitando o espaço para brincadeiras diversas, onde também esta aprendizagem deve estar inserida de forma lúdica, sem causar traumas e sim proporcionando momentos de muita alegria e descontração. Tenho 46 anos de idade, não me recordo de profissionais da área da educação em minha família, mas me lembro de minha mãe, ou alguma empregada doméstica que havia trabalhado lá em casa, que vendo a minha vontade em entender alguma palavra escrita em jornal ou em revista foto novela, sem se importar com a minha idade na época 5 a seis anos, resolveu brincando começar a me explicar sobre as letras, seus sons e como formam as palavras. Também nunca soube de algum pai ou mãe, que tenha processado alguma escola pelo fato de receber um bilhete de seu filho inclusive menor de seis anos dizendo “Papai ou Mamãe, eu te amo”, fosse o dia que fosse. Se a criança está aprendendo de forma adequada, porque não deixá-la aprender, porque privá-la de seu direito de cidadã, manifestado de forma espontânea.
Vygotsky (2000), já defendia o ensino da escrita a partir dos 6 anos, isto está também neste mesmo texto que mencionei anteriormente, baseado em que oitenta por cento das crianças com três anos de idade dominavam uma combinação arbitraria de sinais e significados, já aos seis anos, quase todas seriam capazes de realizar esta operação.
Vygotsky em defesa de sua tese, relaciona o que outra grande estudiosa Montessori, dizia a respeito, partindo do pré suposto de que os aspectos motores podem ser acoplados ao brinquedo infantil e que o escrever pode ser “cultivado” ao invés de “imposto”. É como eu havia escrito antes, a criança descobre a habilidade de ler e escrever, durante as brincadeiras, nas quais sentem a necessidade de ler e escrever. Desta forma para Vygotski o que Montessori faz com relação aos aspectos motores deveria ser feito também em relação ao que definiu como sendo os aspectos internos da linguagem escrita e de assimilação funcional.
Por tudo isso, eu nem preciso dizer, mas vou dizer assim mesmo: Sou totalmente a favor da escola do ensino fundamental de nove anos, que está sendo implantado pelo MEC.

Site do texto citado: http://supervisaoprofgabriela.pbworks.com/f/crianca_seis_anos_opt.pdf
Referência Bibliografica:
BAPTISTA, Mônica Correa - Crianças menores de sete anos, aprendizagem da linguagem escrita e o ensino fundamental de nove anos.