quarta-feira, 9 de setembro de 2009

LIBRAS - EU PRESENCIAEI INCLUSÃO

Ontem, 08 de setembro de 2009, a partir das 18 horas e trinta minutos, dentro de uma sala de aulas da E.M.E.F. Nossa Senhora Aparecida – Pólo do Curso de Pedagogia à distância da UFRGS, eu presenciei inclusão. Havia na sala uma professora surda ( Carolina Hessel Silveira), junto há sua interprete (Maria Cristina Viana Laguna), a professora surda não exclamou nenhuma sílaba foneticamente, mas se fez entender de uma maneira simples, contando com a atenção e colaboração de toda a turma. A língua de sinais foi utilizada e ensinada de maneira muito satisfatória pelo pouco tempo que estivemos juntos naquele espaço, comprovando que se temos interesse, conseguimos superar qualquer expectativa, afinal somos seres humanos inteligentes, capazes de nos aceitar e aceitar o outro, de tal forma que muitos se perguntavam, se a professora era deficiente auditiva ou não, e ela explicava que possuía uma língua (libras), portanto conseguia se comunicar, desta forma perante a sociedade ela era surda, mas não deficiente. Deficiente é aquele que não se aceita como é, negando a aprender, a tentar superar a deficiência por meios próprios, procurando meios alternativos para esconder a deficiência.

Foram horas de prazer, de enxergar uma luz no final do túnel, a professora não se fez incluir, ela foi incluída pela turma, que teve uma grande surpresa ao deparar-se com a aula apresentada. A simpatia, a simplicidade, a generosidade, tanto da professora, tanto da interprete, contagiou a todos, foi com certeza um dos momentos mais felizes de toda a minha vida. Há muito tempo tenho buscado verificar algo puro nos seres humanos que me rodeiam, afinal é tudo tão superficial, feito e procurado por interesses de tantas coisas, às vezes tão mesquinhas, mas que vão minando as pessoas, as deixando indiferentes, afastando-as umas das outras, o coração ficando em segundo plano e a razão prevalecendo, e a desculpa de que o dinheiro é tudo, pois, paga isso, nos proporciona aquilo, vem sempre em primeiro plano. Ontem isto não ocorreu, se tivesse um eletrocardiograma colocado em cada colega, o resultado do exame seria unânime, estávamos todos aprendendo e felizes, por estarmos falando a mesma língua e ouvindo o coração.

Participei de muita coisa em minha vida apesar da pouca idade, me dei o direito a percorrer e estar com pessoas de diversos lugares, de diferentes profissões, níveis culturais, classes sociais, em alguns outros momentos, mas em poucos infelizmente, presenciei algo tão maravilhoso, o sorriso franco, a honestidade de sentimento. Hoje acordei renovado, respirei o ar do saber, do querer bem, espero que isto aconteça mais vezes, que as pessoas assim como eu, se deixe contagiar pelo lado humano, que contagiem também seus alunos e demais colegas de profissão levando cada vez mais longe a mensagem de que precisamos e somos seres humanos antes de qualquer coisa.

Na realidade, de fato, não havia uma surda junto a nós ontem, mas sim uma professora, muito humanamente determinada a nos transmitir um pouco do grande conhecimento que possui sobre determinado assunto, não precisei de máquina fotográfica para gravar a imagem e a atitude de todos perante aqueles lindos minutos, pois que estavam adentrando através de meus sentidos, rumo ao meu coração.

A noite ficou ainda mais memoriável com a presença do Professor Silvestre e da Tutora e Professora Geny, nos convidando para a inauguração do Pólo de Porto Alegre na UFRGS, o qual conta com aproximadamente 150 computadores de última geração, de repente me dei conta que poderia estar cursando matemática, já que prestei vestibular para este curso e fui aprovado, mas, também sei que gosto de fazer as coisas com qualidade e acredito que não poderia fazê-lo desta forma cursando dois cursos distintos. Fico feliz em saber que a minha esposa Solange Almeida Martins, está fazendo o curso de artes Visuais (3º semestre), através da REGESD, na UFRGS, em Porto Alegre, coordenado pela Professora Umberlina, minha esposa é uma excelente professora de séries iniciais, será ainda melhor em sua especialidade em artes visuais, já que desenvolve trabalhos magníficos relacionados à arte. Por fim, estou tendo vários momentos de muita felicidade e agradeço a Deus por tudo isso, por ter colocado pessoas tão boas a meu lado.

Idéia para um projeto:

Podemos convidar pessoas surdas, preferencialmente as que utilizam a língua de libras, para palestrarem em escolas, principalmente na rede pública, como forma de comprovar cada vez mais aquilo que ficou demonstrado para muitos na aula de ontem, é possível sim

uma inclusão, com respeito, com entendimento, com objetividade, quando o respeito ao outro, deixa a parte pedagógica entrar em ação e a didática se transforma em algo prazeroso e produz uma aprendizagem com consistência. Para muitos que estavam ali, utilizar a língua de libras, foi como utilizar algo lúdico, usando esta ferramenta, conseguimos chegar à união do lúdico com o cognitivo, que junto ao fator motivação, ajudou a todos na aprendizagem adquirida.

Também podemos convidar outras pessoas com outras deficiências para fazer o mesmo, afinal existem várias instituições onde podemos procurar pessoas preparadas, para nos orientar de maneira correta sobre como proceder para facilitar ainda mais, a inclusão em nossas escolas.