domingo, 25 de abril de 2010

MUDANÇAS

É impossível quando se é professor e, se identifica com a escola onde está trabalhando, deixar passar em branco uma oportunidade de ajudar. Muitas colegas de curso sabem, que já há algum tempo faço parte do conselho administrativo da APAE, em Gravataí. Tive e tenho momentos felizes junto a alunos com necessidades educacionais especiais de aprendizagem, mas de alguns dias para cá, estou preocupado com o rumo que será dado a estas crianças, já que a APAE, e E.M.E.E., Cebolinha se desvencilharam, ou seja a parceria que até pouco tempo existia está sendo desfeita. Logicamente que mudanças são bem-vindas, seja onde forem, mas quando envolvem a educação de alunos com tantas dificuldades, motoras, cognitivas, de locomoção, etc.
Assim sendo, resolvi procurar um novo lugar para abrigar a escola, afinal, os alunos precisam de um local, preferencialmente próximo à unidade existente hoje, para que não seja tão brusca a mudança, o ideal, seria continuarem na mesma localização, mas caso isto não se torne possível, precisamos pensar nos alunos. Já há alguns finais de semana, saio à procura de um prédio, que ofereça, segurança, espaço físico, para abranger todas as salas necessárias, boa localização, uma comunidade sem preconceitos, capaz de incluir os alunos como foram incluídos onde estão, com acessibilidade para os nossos cadeirantes, dentre outros problemas físicos que alguns amiguinhos possuem, em fim um ambiente acolhedor, onde todos os projetos em prol do ensino destes alunos possam ser realizados. Visitei neste final de semana, dois locais, acredito que um destes possa servir para aquilo que queremos, mas fico pensando, será que passa pela cabeça dos pais, dos funcionários e porque não dizer dos alunos, o que poderá acontecer com uma mudança destas. Afinal são décadas no mesmo endereço. Eu fui um dos primeiros a aceitar a cobrança de aluguel da prefeitura, pois, afinal o prédio pertence a APAE, mas eu não sabia que havia sido doado pela prefeitura, mesmo assim, sei que são anos, e que a APAE, está com dificuldades financeiras, mas também acredito que antes de qualquer mudança, seria mais aconselhável, nos reunirmos, nós do conselho Administrativo da APAE, junto com os funcionários, pais de alunos e representantes da prefeitura de Gravataí, para decidirmos se realmente este é o melhor caminho.
Uma parceria tão antiga, cheia de momentos brilhantes, causando bem estar a toda a comunidade de nossa cidade no tocante ao ensino de alunos com necessidades educacionais especiais de aprendizagem. Parceria na qual, uma escola ensina alunos com estas dificuldades, enquanto a outra além de prestar os primeiros auxílios aos pais que recebem um anjo destes em suas famílias, também os coloca em oficinas, fazendo-os vencer por seus próprios méritos, ganhando junto com o amor e carinho a dignidade, de poder produzir algo e caminhar pelos seus próprios pés, tornando-se cidadão de fato, pois já é de direito.
Será que nós, ligados diretamente a área da educação, nós que vivemos falando em dialogo, não devemos nos sentar e dialogar sobre este assunto tão melindroso e sensível, antes de tomarmos qualquer decisão?
Aprendi em minha jornada de vida, a qual foi sublinhada dentro deste curso oferecido pela UFRGS – Licenciatura em Pedagogia, que o mais importante em uma instituição de ensino, não é o professor, mas sim o aluno, indiferente do sexo, da raça, da origem, da religião, do partido político, da deficiência que possua, por este motivo a inclusão se faz necessária e é levada em consideração em todas as escolas de nosso município. Mas se isto é verdade, como podemos levar em conta apenas o que alguns decidiram, sem ouvirmos todas as partes envolvidas, e o exemplo de democracia, será que mais uma vez, vão desconsiderar o pensamento dos alunos, por considerá-los deficientes demais para pensar sobre o assunto, será que os seus responsáveis também serão avisados apenas na hora da mudança, espero que tudo se resolva e que tudo retorne a paz, pois, acredito que é tudo que estas crianças e jovens gostariam de ouvir neste momento, independente do preço a ser pago, ou do acerto a ser feito, vamos pensar nos alunos acima de tudo. Nem sempre mudar o endereço resolve, as vezes é importante mudarmos a nós mesmos para encontrarmos o que estamos procurando.