quarta-feira, 29 de abril de 2009

INCLUSÃO - CHEGA DE PROCURAR CULPADOS

Na aula presencial de ontem, 28 de abril de 2009, muita coisa foi discutida, até porque buscamos através da formação de perguntas, chegarmos aos temas norteadores, os quais darão o rumo a ser seguido em um projeto de aprendizagem. Muitas colegas falaram sobre a inclusão, mas disseram das dificuldades para se trabalhar com estes alunos com necessidades especiais. Acredito que houve por parte de muitas pessoas, uma grande luta para que a inclusão ocorresse, mas o que motivou realmente os nossos governantes a colocarem nossas crianças com necessidades especiais nas escolas, foi à falta de dinheiro para custear escolas construídas apenas para esta parcela da população, e não uma real vontade em ajudar a sociedade a conviver com as diferenças. Digo isto, baseado em que, criaram a Lei, obrigaram pessoas a aceitarem as crianças com necessidades especiais nas escolas públicas, até então ditas apenas para crianças normais, mas não se preocuparam anteriormente a isto, de formar pessoas com capacidade para lidar com esta nova realidade. Digo isto, pois eu e minha família passamos por momentos tristes em creche do município de Gravataí, onde nosso filho, por possuir uma mancha no rosto, era mostrado aqueles que visitavam o local, como sendo uma aberração, e quando o mesmo se sentia ofendido, era obrigado a ficar de castigo atrás de uma porta na secretaria, o que certa vez durou quatro horas, e que só foi nos colocado a par, pelo sentimento de amor, demonstrado por uma das tias que foi reprimida ao tomar as dores de nosso filho. Devido a este fato, a minha esposa decidiu prestar concurso público, para trabalhar em creches, onde graças a Deus ela passou, e pode cuidar deste e de todos os nossos três filhos nas creches por onde passou.
Acredito que o governo agio mal ao deixar que crianças com necessidades especiais entrassem na escola dita normal, sem antes reformular a maneira como estava sendo conduzido o ambiente, nem mesmo adaptar a escola a estas crianças com necessidades, que muitas vezes comprometem o corpo, fisicamente falando. Faltou dialogo, faltou democracia, pensou-se no dinheiro, no voto, mas esqueceu-se de pensar na criança, e o que esta enfrentaria em uma comunidade escolar muitas vezes perversa e contra a inclusão, mas principalmente, mal preparada para lidar com ela. Muitos de nós sabemos que infelizmente, o cargo de professor, para muitos é apenas um trampolim, para uma carreira política, ou para trabalhar em serviço que não requer muito esforço, ao menos para aqueles que não querem ministrar as aulas como se deve, pois, aqueles com real vocação, fazem todos os dias um plano de aula novo, sentem prazer a cada novo desafio imposto, para estes, quanto maior for o grau de dificuldade em aprender demonstrado pelo aluno, maior será o prazer ao ver que ele superou suas barreiras. Desta forma, como a maioria ainda pensa apenas nos salários, existem muitas crianças sofrendo na escola, e muitos professores descontentes com os alunos que para eles “atrapalham o bom andamento da aula”.
Continuam procurando culpados, acabei de escrever sobre a culpa dos políticos, sobre a forma como tudo foi feito, de maneira desordenada, mas apesar de tudo isto, hoje contamos com universidades, cursos sendo ministrados para ajudar na relação com aos alunos especiais, temos uma ferramenta importantíssima, a Internet, que nos ajuda como ferramenta de pesquisa, onde podemos buscar conhecer um pouco, sobre os diversos tipos de deficiências, e desta forma tentarmos lidar com esta nova situação, fazendo sorrir alguém que nem isto conseguia. Sabemos que a batalha é árdua, ao menos para alguns, menos acostumados com a idéia, mas que de agora em diante, ao pensar em ser professor, terá de levar em conta, muito mais do que achar que aula, é mandar o aluno abrir um caderno na página tal e copiar, depois tentar decorar algo e pronto. Até porque muitas vezes os alunos não possuem as mãos, a visão, a audição, dentre outras necessidades especiais que trazem dentro de si. Mas precisam estar ali, é importante para o desenvolvimento destes, este contato, e não seremos nós, ditos normais, mas cheios de defeitos, que iremos deixá-los de fora. Tive alunos especiais em uma quarta série, dentre os quais um hiperativo, que tomava medicamentos, e não conseguia manter-se ligado naquilo que estava fazendo por muito tempo. Quando solicitei aos pais que comparecessem na escola, estes ficaram cheios de desconfiança, pois, o aluno em questão, já havia sido expulso de uma escola. Quando disse aos mesmos que também possuía um filho especial, que gostaria de dividir com eles aquela situação, mas que precisava da ajuda deles na continuação do que fosse ministrado em sala de aulas, vi olhos brilhando e até lagrimejando de emoção, e este sentimento de comprometimento da família, me motivou ainda mais a ajudar este aluno. Indiquei a eles o mesmo tratamento que fiz com meu filho, que também era disperso, o desenho e a pintura, incentivando o aluno a concentrar-se no que estava fazendo, procurando discipliná-lo para concentrar melhor sua mente naquilo que estava descobrindo junto ao professor. Também pedi a eles para que colocassem o aluno, em uma escola de futebol, para que ele adquirisse melhor equilíbrio, bem como queimasse um pouco de sua energia e se adaptasse ao convívio com mais jovens de sua idade. Parecia algo caro, mas a escola de futebol, era gratuita, a pintura era executada em pano de prato, papel de oficio, na maioria das vezes com tinta barata, o que não tinha preço, era ver a melhora no desenvolvimento do aluno, o seu rendimento em sala de aula, e isto me ajudou muito inclusive com os demais, que agora conseguiam brincar com o colega. Na aula de educação física, brincávamos de jogar futebol, dentre outras atividades, no inicio eu estava sempre presente, junto aos alunos, mas me senti realizado, ao poder ficar mais distante, observando que brincavam com respeito um pelo outro, não importando a altura, a idade, apenas o fato de serem colegas. Ditavam suas regras antes do jogo, com goleiro, sem goleiro, gol dentro da área, ou fora dela, etc..., mas sempre respeitando o que decidiram, foi tão inclusivo, que meninas jogaram com os meninos e não tivemos problemas com isto, muito pelo contrario, apenas aumentou a amizade junto a eles. Na sala de aula, os trabalhos em grupo também foram melhor confeccionados, os alunos começaram a valorizar as atitudes dos colegas, tanto no modo de falar, como no modo de agir em sala de aula, alguns faziam vaquinha, para comprar refrigerante, se reunindo em grupos no refeitório na hora da merenda, a agressividade encontrada quando assumi a turma sumiu, a partir deste trabalho de união e conscientização de que todos fazíamos parte de uma mesma equipe, e todos estávamos ali para vencer nossos desafios, eu já não era apenas o professor, mas o orientador destes alunos, por isso da vontade em voltar à sala de aula.

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