segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A Importância de Buscar a Aprendizagem.

Quando me deparo com um texto de magnitude, onde esta sendo debatido o Letramento a partir de seu significado, fico ainda mais convencido da importância da escola para a humanidade. Quantas pessoas diariamente enfrentam problemas simples como pegar um ônibus, de maneira muito mais complicada, por não saber ler. Muitas vezes pessoas analfabetas, prefere passar por míopes, para não dizerem o real problema na hora de ler uma placa, um cartaz, um endereço, tais pessoas agem como se estivessem na marginalidade, tentando esconder um problema que causa aflição, receio, rejeições dentre outros fatores, considerados desabonadores perante a realidade econômica do país. São pessoas que não conseguem um emprego digno, que dependem de outras para ler documentos, jurídicos, cartas, etc., que vivem com medo de serem enganadas, cada vez que surge um papel, o qual necessita sua assinatura, pode ser algo correto, mas também pode ser alguém lhes tirando o pouco que ainda lhes resta, neste mundo repleto de aproveitadores. Não adianta guiar-se por logotipos, por marcas, desenhos, números, etc., pois, em determinado momento estas pessoas têm de assinar algo e o desespero é percebido quase que automaticamente, a dor de não saber ler e nem escrever, apesar de falar e se fazer entender bem, quando deve passar para o papel, o mundo se torna pequeno.
Lembro de mim, parado defronte a um computador, apesar de saber ler e escrever, eu nunca havia digitado, tocado naquela máquina, fugia da mesma, de todas as formas, dizia pra todos que o computador era uma janela para o inferno, pois tudo que nele entrava, se tornava parte do mundo, não se podia guardar segredos dentro dele. Um dia a Receita Federal desenvolveu um programa para que as pessoas jurídicas utilizassem o computador para declararem seus rendimentos no imposto de renda, não tive escolha, ou eu encarava a fera, ou ficava fora do mercado, para minha sorte encontrei o curso certo e fiz 200 horas de informática, o que me tirou do analfabetismo digital. Vejam, que eu sabia ler e escrever, mas me senti analfabeto por não saber utilizar aquela máquina chamada computador, criando em meu subconsciente um monte de desculpas para não utilizar a tal máquina, bem como, também desculpas para que não notassem que eu não sabia como manuseá-la. Por várias vezes solicitei a pessoas, que digitassem por mim alguns documentos pois, não tinha tempo para digitá-los eu mesmo, eu tinha receio de cometer alguma gafe, como cometia quando sentava defronte a um computador e mexia no mouse sem saber onde estava clicando, tentando entender os símbolos que ali existiam, indo parar em páginas sem nenhuma utilidade, perdendo meu tempo, por não saber operar a tal máquina. Mas isto é passado, observe que como eu disse antes, eu era apenas analfabeto digital. Imagine agora os analfabetos da escrita e da leitura, quanta dificuldade para vencer seus desafios, e a vergonha que muitos sentem de não saber ler, nem escrever, vergonha que os leva a passar longe das escolas que ficam em seu caminho.
O governo federal vem criando mecanismos, formulas de atrair estas pessoas para dentro da sala de aula, o EJA, é uma dessas formula que está ai, mas infelizmente o índice de desistência é muito elevado, causando a impressão que as pessoas não estão tão interessadas em aprender, o que não é verdade, a falta de motivação começa, quando a pessoa observa que parte da escola fornece aulas para outra faixa etária, e que dentro destas, existem pessoas de seu convívio diário, novamente vem à vergonha de ser chamado de analfabeto e a coragem começa a dar margem para o medo, e olha que este é só um dos motivos.
Precisamos trazer estes homens e mulheres para dentro das salas de aula, de maneira mais discreta, oportunizando que a aprendizagem sem levá-los a nenhum tipo de constrangimento. Muitas vezes o fato de serem usados como forma de demonstrar um exemplo a ser seguido, os torna ainda mais desmotivado, pois, já estão traumatizados por uma sociedade cruel para com aqueles que atingiram uma certa idade sem antes conseguirem aprender a ler e a escrever uma frase se quer. Infelizmente nossos jovens não respeitam os mais velhos como deveriam, e quando tem chance os humilham implacavelmente, por mais que tentamos mudar isto em sala de aula. Isto é sentido todo o dia, quando um ônibus passa e não pára para o idoso prosseguir em sua viagem.
Sei que o texto a que me refiro, não tratou destes assuntos discriminatórios, mas fazer com que pessoas que não conseguem ler e escrever após uma certa idade voltar à escola, depende de atitudes mais drásticas com políticas de inclusão, bem mais inclusivas.
Sabemos que a escola é o berço do saber, os alunos que tem a oportunidade de aprender através de projetos pedagógicos, isto é, por meios didáticos apropriados, desenvolvem aprendizagem muito antes do que se espera, enquanto aqueles que não freqüentam a escola, possuem poderes limitados para o mercado de trabalho principalmente.
Tratar o próximo com respeito é dever de todos, respeitar o direito do próximo é obrigação.

2 comentários:

Patrícia_Tutora PEAD disse...

Marcos, excelente postagem, desabafo, exemplo... Conseguiu refletir sobre o analfabetismo, citando como exemplo uma situação real, uma situação tua, os teus sentimentos... Gostei muito!Abraços querido!

marcos9.bloggoogle.com disse...

Sabe Patricia!

A minha vida não foi muito fácil, sai de casa muito cedo, com 15 já me considerava dono do meu nariz, não dependia dos meus pais financeiramente, com 16 para 17 anos resolvi cuidar da minha vida, morei empensões, trabalhei a noite para não ser pego pelo ministério do trabalho, persegui o meu sonho de ser militar, deixei São Paulo, onde me criei e vim morar com duas avós (vó e bisavó)em Sapucai do Sul, então com 19 anos, trabalhei alguns meses em uma lavanderia, depois, prestei concurso para a BM. Com 19 anos já era Policial Militar, com 21 já estava casado e tinha um filho. Havia parado de estudar no 2º ano colegial (ensino médio), voltei a estudar após os 30 anos, após ter abrido um comercio, e ter sofrido um atentado, mas sempre busquei o caminho correto. Sei bem o que os jovens e adutos enfrentam, passei por muitas dificuldades, também sei que existem pessoas ruins, que estão esperando o momento certo para desviá-los do caminho correto, por isso procuro demonstrar a eles, o caminho a ser seguido, com orgulho, sem medo de andar pelas ruas, a liberdade não tem preço. Acredito que as pessoas gostem do meu jeito e ito ajuda nesta busca pelo saber, neste convencimento. O respeito é a coisa mais importante para se convier com as pessoas, quem respeita é respeitado, nunca quero para o outro, aquilo que não gostaria para mim. Viver é simples, necessita apenas a respiração, o ser humano é que complica tudo.