domingo, 1 de novembro de 2009

O MENINO SELVAGEM - O filme.

Escrevendo sobre o filme que conta à história do menino selvagem. Não gostei do jeito como aquele menino foi tratado, nem pelos pais, nem por aqueles que o apanharam na selva, nem pelo médico que o levou para casa. A saga deste menino foi muito triste. Primeiro os pais o rejeitaram, tentando inclusive matá-lo, depois, as pessoas que o encontraram o trataram como um bicho, mais tarde foi levado para um centro educativo, onde foi tratado como atração de circo. O médico (Jean Marc Itard), pessoa que cursou um curso de graduação, o leva para casa, e na tentativa de educá-lo, o mal trata, com castigos e mais castigos, fazendo-o trabalhar 16 horas sem parar, trancafiando-o dentro de um armário sempre que errava alguma coisa, dando para ele água, como forma de premiá-lo quando acertava algum exercício, como quem dá um biscoito a um cachorro enquanto o está adestrando, afinal quem era o selvagem naquela história?
O médico tal como um animal, ficava o tempo todo tentando mostrar ao jovem, quem era o líder do grupo, o dono da casa, quem mandava e quem tinha de obedecer. O que aliviava um pouco o sofrimento do menino era a presença da governanta, esta parecia entender e respeitar o tempo do menino, ela foi a melhor coisa que aconteceu para ele naquele momento.
O médico às vezes tinha algumas recaídas de bom moço, deixando que a criança brincasse um pouco, mas estes momentos eram raros, pois, precisava mostrar suas experiências em palestras, afinal era a chance de ficar famoso e angariar mais dinheiro. Colocou a governanta como tutora do menino, para poder receber os francos do governo enquanto realizava sua experiência.
Não ensinava a língua dos sinais ao menino, não o deixava se comunicar com outros surdos utilizando esta língua, queria que ele aprendesse o significado das palavras, e quando conseguia, pronunciar alguma delas. O menino, o qual chamou de Victor, pois as palavras que possuíam o tom mais grave este atendia, como quando pegamos um cachorro grande para criarmos, e não sabemos seu nome, então tentamos chamá-lo com a palavra a qual ele parece mais ambientado, Duque, Totó, Rintin, etc,. neste caso o som “tor”, parecia mais apropriado, pois o menino atendia melhor quando ouvia este som, e ai o nome “Victor”. Mas poderia ao menos tratá-lo melhor. Os cães são mais bem tratados.
Bater em seus dedos, para que aprendesse a contar, que coisa triste. Este filme me levou para alguns anos, quando professores usavam palmatórias e réguas de madeira, sem contarmos com os grãos de milho, as orelhas de burro, as tampinhas de garrafa, onde os alunos ficavam ajoelhados quando cometiam algo que fosse julgado impróprio, dentre outras formas grotescas, tempo selvagem não é mesmo. Os professores, não sabiam como mostrar que deviam ser respeitados e partiam para a ignorância, mas quando perguntado, quem era ignorante? O professor respondia “é o aluno”, afinal ele não sabe nada e eu ensinei tudo a ele.
Assim sendo acredito que devo desculpar o médico por suas atitudes, afinal este filme conta uma história que aconteceu antes de 1.800 d.C. As pessoas ainda não eram assim tão educadas, mas acredito que mesmo naquela época deviam existir professores que utilizassem métodos mais respeitosos para educar seus alunos, fossem estes considerados selvagens ou não.
Outra pergunta: será que realmente o médico ajudou o aluno? Este agora podia se comunicar, mas sempre escrevendo o nome do objeto ou outra coisa que estivesse interessado, a não ser que estivesse próxima a seus dedos para que pudesse apontá-la, pois, não sabia a língua dos sinais, não conseguia se quer se comunicar com outros surdos, e para se comunicar com estranhos ditos normais, tinha de escrever tudo o que gostaria de dizer, exceto leite, esta palavra ele conseguia pronunciar, tamanha era à vontade de tomar outra coisa que não fosse água.
Este garoto passou por todo o tipo de selvageria, mas acredito que a mais difícil, foi à selvageria humana, pois, esta dizia ter motivos para tratá-lo assim, já que pretendia civilizá-lo.
O teste da aprendizagem sobre justiça, o professor (médico), tenta trancar o menino no armário, sem que ele tenha feito nada de errado, e o menino recusa-se a entrar lá dentro. O médico deduz que o menino entende a diferença entre o certo e o errado, possui senso de justiça. Será que o médico sabia a diferença entre certo ou errado, na hora de ensinar ou conversar com aquele menino?
O médico se manifestou curioso pelo fato daquela criança nunca haver chorado antes, o menino sofreu tanto que acabou chorando na frente do médico, por várias vezes depois.
Alguém presenciou no filme, um momento em que aquele menino sorriu?
O tal médico, foi parar nos Estados Unidos, escreveu um livro, ficou famoso etc, etc e etc,.
Como será que agiriam as pessoas para educar um menino encontrado na selva, com mais ou menos 12 anos de idade, nos dias atuais? Vamos mais fundo: como você, professor, estudante de pedagogia agiria?

4 comentários:

Geny disse...

Caro aluno Marcos!
Sua reflexão referente ao Filme “O Menino Selvagem” vem de acordo com sua personalidade de pessoa questionadora, conhecedora e consciente. Sua questão dirigida para os Educadores de como seria hoje aceitação de ajudar uma criança, na situação que o Filme apresenta? Como se comportariam os educadores? Fica para cada um que ler refletir!
Um grande abraço,
Geny Schwartz da Silva
PEAD/FACED/UFRGS

marcos9.bloggoogle.com disse...

Olá Tutora Geny!

Em nenhum momento do filme, avistei o personagem do filme (médico), referindo-se a família. acredito que ele fosse muito egoista para dividir seus sentimentos de carinho. Acredito que devia tratar-se de alguém muito sofrido, sem amor, sem amigos, sem sentimentos de afeto, ao menos até a chegada do menino, pois, é impossível acreditar que mais para frente, depois de uma convivência de pelo menos uns dois anos com aquele magnifico ser humano, esta criatura selvagem, não tenha conseguido desenvolver um pouco mais de afeto e amor ao seu semelhante. Gostaria de encontrar um livro com a bibliografia do médico, para tirar esta dúvida.
Quando eu estudava, nas séries iniciais, era comum os castigos, principalmente ficar ajoelhado sobre tampinhas de garrafas, as minhas calças possuiam um par de joelheiras de couro, imagine o motivo. Mas haviam professoreas mais carinhosas, diziam que eu era apenas um pouco mais ativo, mais comunicativo, um ótimo aluno.

marcos9.bloggoogle.com disse...

Acredito que este filme deva causar momentos ricos de reflexão em muitos professores.

marcos9.bloggoogle.com disse...

Acredito que este filme deva causar momentos ricos de reflexão em muitos professores.